
O espetáculo dirigido por Rodrigo Portella foi aplaudido por mais de duas mil pessoas em sua estreia na Mostra Lucia Camargo, no Festival de Curitiba, na noite desta quinta-feira (27). O público identificou logo nos primeiros minutos que havia um elenco 100% negro no palco do Auditório Bento Munhoz da Rocha Neto (Guairão).
Baseada no livro de mesmo nome de Ray Charles Júnior, o enredo permeia sobre o amor parental em torno do reencontro do músico Ray Charles e seu filho Júnior em um acerto de contas emocionante. O elenco conta com César Mello, Sidney Santiago Kuanza, Abrahão Costa, Luiz Otavio, Flávio Bauraqui, e as crianças Caio Santos e Victor Morais nos principais papeis.
O ator Flávio Bauraqui revelou que a preparação foi bem desafiadora e que há algum tempo o queriam no elenco. “Só após o cancelamento de uma temporada da peça anterior que eu estava fazendo no Rio, é que pude aceitar o convite”, conta o intérprete de Ray.
Ao longo dos 160 minutos, o cenário feito de modulados, compõe as cenas de maneiras distintas e permite a troca de ambientação a cada montagem. “De repente você vê os praticáveis tomando diversas formas a cada cena, isso é genial!”, disse Marion Oliveira, estudante de cenografia.
A expectadora é carioca e veio até a capital paranaense prestigiar o festival com as amigas Andreia Claudia e Joyce Araújo. Para Marion a magnitude de um espetáculo tão “simples” como Ray deixou ela e suas amigas encantadas.
A estudante ainda destaca que além das belas vozes do musical, o que mais lhe chamou a atenção foram os figurinos, que em sua visão estavam “impecáveis”, já que segundo ela, não é todo espetáculo que consegue esse feito com os figurinos.
Joyce Araújo afirma que ficou impressionada com a atuação do ator Cesar Mello, que interpreta Ray em sua fase adulta e como em um passe de mágica, ele coloca um óculos escuro e passa a interpretar ele em sua versão mais velho.
A jovem ainda destacou a direção de Portella, que conseguiu produzir um musical teatral e não um musical cinematográfico, como de praxe neste gênero. O público percebe isso quando as cortinas da coxia se abrem e se torna possível ver a estrutura do teatro, ao mesmo tempo
que os atores falavam com a plateia.
A peça contou com dois interpretes de libras que se revezavam entre eles durante a apresentação e com o “Para todos verem”, que tem o objetivo de descrever boa parte das cenas, como toques, cores e espaços para o pulico com deficiência visual.
Essa atitude foi bem-vista pelos espectadores nas rodinhas de conversa.
Serviço
- Datas: 27 e 28 de março (quinta e sexta), às 20h30
- Local: Auditório Bento Munhoz da Rocha Neto (Guairão)
- Classificação: Livre
- Duração: 160 minutos (intervalo de 10 minutos)
- Valor dos ingressos: R$42,50 e R$85,00