É falso que enfermeira da Alemanha tenha denunciado imigrantes muçulmanos em carta “ao mundo”

Boatos.org

Boato – Uma enfermeira da Alemanha teria escrito uma carta denunciando que muçulmanos estariam recusando atendimento em hospitais.

Análise

Circula há anos nas redes sociais um texto que seria um desabafo de uma suposta enfermeira na Alemanha sobre o atendimento de muçulmanos nos hospitais do país. O relato, que descreve situações caóticas e acusa os imigrantes de dificultarem o trabalho da equipe médica, tem sido compartilhado principalmente em momentos de tensão sobre a imigração na Europa.

O texto levanta acusações graves, como a suposta recusa de pacientes muçulmanos em serem atendidos por mulheres, agressões contra médicos e enfermeiros, além de um colapso iminente no sistema de saúde alemão devido ao fluxo de imigrantes. Leia o conteúdo que tem se espalhado:

*ENFERMEIRA NA ALEMANHA ENVIA MENSAGEM AO MUNDO* (Uma carta aberta – Revelador) Ontem, no hospital, tivemos uma reunião sobre como a situação aqui e nos outros hospitais de Munique é insustentável. As clínicas não conseguem lidar com o número de emergências médicas de migrantes, então estão começando a enviar tudo para os hospitais principais. Muitos muçulmanos estão recusando tratamento por funcionárias, e nós, mulheres, agora estamos nos recusando a ir até esses migrantes. As relações entre a equipe e os migrantes estão indo de mal a pior. Desde o último fim de semana, os migrantes que vão aos hospitais devem ser acompanhados pela polícia com unidades K-9 . * Muitos migrantes têm ADS, sífilis, tuberculose aberta e muitas doenças exóticas que nós, na Europa, não sabemos como tratar.* Se eles recebem uma receita na farmácia, eles descobrem que têm que pagar em dinheiro, o que leva a explosões inacreditáveis, especialmente quando se trata de medicamentos para as crianças. *Eles abandonam as crianças para a equipe da farmácia com as palavras: Então, curem-nas vocês mesmos.* Então a polícia não está apenas guardando as clínicas e hospitais, mas também as grandes farmácias.

*Perguntamos abertamente onde estão todos aqueles que acolheram os migrantes diante das câmeras de TV com cartazes nas estações de trem? Sim, por enquanto, a fronteira foi fechada, mas um milhão deles já estão aqui e definitivamente não seremos capazes de nos livrar deles.* Até agora, o número de desempregados na Alemanha era de 2,2 milhões. Agora será de pelo menos 3,5 milhões. *A maioria dessas pessoas é completamente desempregada.* Apenas um mínimo delas tem alguma educação. *Além disso, suas mulheres geralmente não trabalham.* Calculo que uma em cada dez esteja grávida. * Centenas de milhares delas trouxeram bebês e crianças pequenas com menos de seis anos, muitas emaciadas e muito necessitadas.* Se isso continuar e a Alemanha reabrir suas fronteiras, vou para casa, na República Tcheca. Ninguém pode me manter aqui nessa situação, nem mesmo pelo dobro do salário em casa. Vim para a Alemanha para trabalhar, não para a África ou o Oriente Médio! Até o professor que chefia nosso departamento nos disse o quão triste isso o deixa de ver, mas vale a pena ler… especialmente a faxineira, que limpa todos os dias há anos por 800 euros *e então encontra multidões de jovens nos corredores que apenas esperam com as mãos estendidas, esperando de graça, e quando não conseguem, eles fazem birra.* Eu realmente não preciso disso, mas tenho medo de que se eu voltar para casa, em algum momento será o mesmo na República Tcheca. *Se os alemães, com seus sistemas, não conseguirem lidar com isso, então, com certeza, em casa será um caos total…*

*Você, que não teve contato com essas pessoas, não tem a mínima ideia de que tipo de bandidos malcomportados essas pessoas são, e como os muçulmanos agem de forma superior à nossa equipe em relação à acomodação religiosa.* *Por enquanto, a equipe do hospital local não contraiu as doenças que essas pessoas trouxeram para cá, mas com tantas centenas de pacientes todos os dias, isso é apenas uma questão de tempo.* *Em um hospital perto do Reno, migrantes atacaram a equipe com facas depois que eles entregaram um bebê de 8 meses à beira da morte, que eles arrastaram por metade da Europa por três meses. A criança morreu dois dias depois, apesar de ter recebido os melhores cuidados em uma das melhores clínicas pediátricas da Alemanha. O médico pediatra teve que passar por uma cirurgia e as duas enfermeiras estão se recuperando na UTI. Ninguém foi punido. A imprensa local está proibida de escrever sobre isso, então só podemos informá-lo por e-mail. O que teria acontecido com um alemão se ele tivesse esfaqueado o médico e as enfermeiras com uma faca? Ou se ele tivesse jogado sua própria urina infectada com sífilis no rosto de uma enfermeira e assim a ameaçado com a infecção? No mínimo, ele teria ido direto para a cadeia e depois para o tribunal. Com essas pessoas até agora, nada aconteceu. E então eu pergunto: Onde estão todos aqueles recepcionistas e receptores das estações de trem? Sentados em casa, aproveitando suas vidas descomplicadas e seguras.

Checagem

A história tem todas as principais características de fake news. E, ao analisar, vimos que é falsa mesmo. Para checar, vamos responder o seguinte: 1) Uma enfermeira fez um carta com desabafo sobre muçulmanos na Alemanha? 2) Os relatos sobre muçulmanos na Alemanha são reais? 3) O que mais tem de errado no texto?

Uma enfermeira fez uma carta com desabafo sobre muçulmanos na Alemanha?

Não há qualquer prova de que o texto tenha sido escrito por uma enfermeira real. O conteúdo circula desde 2015 e já foi compartilhado como se fosse o relato de uma médica. No entanto, nenhuma fonte confiável confirmou a autenticidade da carta. Como apontado por uma checagem do Snopes, trata-se de um boato que se espalhou em meio ao aumento da imigração para a Alemanha.

Os relatos sobre muçulmanos na Alemanha são reais?

Não há registros confiáveis que confirmem as alegações do texto. O portal Vartha Bharati analisou a mensagem e concluiu que as informações são falsas. O texto fala sobre hospitais na Alemanha exigindo presença policial para atender migrantes, mas não há registros de que isso tenha ocorrido de forma generalizada. Em 2015, o jornal britânico Express relatou que o aumento da imigração causou dificuldades para algumas unidades de saúde, mas sem qualquer menção às situações descritas no boato.

O que mais tem de errado no texto?

Além da falta de comprovação da autoria, a mensagem traz diversas alegações infundadas. Um dos trechos mais graves fala sobre “migrantes atacando médicos com facas” e menciona um caso fictício envolvendo um bebê de oito meses. No entanto, não há nenhum registro de que isso tenha ocorrido, tampouco de que a imprensa alemã tenha sido impedida de divulgar informações sobre ataques de imigrantes.

Outro erro está na afirmação de que muçulmanos rejeitam atendimento por mulheres. Embora algumas questões culturais possam influenciar preferências médicas, hospitais na Alemanha seguem protocolos rígidos de atendimento, e não há registros de conflitos generalizados como os descritos na mensagem.

Por fim, o texto faz uma generalização sobre imigrantes serem “bandidos malcomportados”, reforçando um tom xenofóbico e discriminatório, sem qualquer embasamento factual. Ou seja: se trata de um texto falso e totalmente descartável.

Conclusão

O suposto relato de uma enfermeira na Alemanha sobre muçulmanos recusando atendimento nos hospitais não tem qualquer comprovação. O texto já circula há anos e apresenta diversas informações falsas ou distorcidas, reforçando uma narrativa xenofóbica sem base na realidade. Além disso, checagens independentes já desmentiram as alegações.

Fake news ❌

Ps: Esse artigo é uma sugestão de leitores do Boatos.org. Se você quiser sugerir um tema ao Boatos.org, entre em contato com a gente pelo e-mail [email protected] e WhatsApp (link aqui: https://wa.me/556192755610)

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