Mais de 60 protestos foram planejados para o último sábado (5), e mais uma dúzia para este domingo (6), em showrooms da Tesla nos Estados Unidos, enquanto a reação continua contra o CEO Elon Musk por seu papel de corte de custos no Departamento de Eficiência Governamental (DOGE).
Apenas uma semana após mais de 200 manifestações ocorrerem em unidades da Tesla como parte do movimento de base “Tesla Takedown”, alguns locais receberam neste sábado protestos conjuntos com o movimento “Hands Off!” — um dia de protestos em massa organizado separadamente em todo o país.
A campanha Tesla Takedown incentiva motoristas da Tesla a venderem seus veículos e acionistas da empresa a se desfazerem de suas ações para prejudicar o homem mais rico do mundo, cuja fortuna está majoritariamente ligada à fabricante de carros elétricos.
Mais de 50 manifestantes se reuniram em frente a um showroom da Tesla em Rockville, Maryland, um subúrbio de Washington, DC, no sábado.
Susan Barnett, uma profissional da área de mídia de Nova York, disse que foi até Maryland para reencontrar duas amigas de longa data e também para fazer ativismo em prol da segurança hídrica e da assistência internacional dos EUA a governos estrangeiros.
“O Congresso precisa lembrar que, apesar do que a Casa Branca está dizendo, nós temos, sim, um papel no mundo”, disse Barnett à CNN.
O DOGE fez cortes em uma ampla faixa de agências federais cancelando contratos e demitindo funcionários ou oferecendo incentivos financeiros para que deixem seus cargos. O site do DOGE afirma que a iniciativa já economizou US$ 140 bilhões aos contribuintes (a CNN não conseguiu verificar a veracidade do número).
Recentemente, Musk afirmou que os manifestantes nas unidades da Tesla estariam sendo pagos, ao publicar na semana passada em sua rede social X: “Quem está financiando e organizando todos esses protestos pagos?”
A Tesla não respondeu ao pedido de posicionamento feito pela CNN.
Madeline Gupta disse à CNN, do lado de fora da Tesla em Rockville, que não está sendo paga. Enquanto segurava um cartaz escrito “Democracia acima da oligarquia”, ela afirmou estar preocupada com mudanças de políticas sob a administração do presidente Donald Trump.
“Esta nova administração, incluindo Musk, que nem sequer foi eleito, está tentando destruir nossa democracia, e não podemos deixar isso acontecer”, disse ela.
Organizadores do Tesla Takedown acreditam que a campanha, atualmente em sua oitava semana, continuará crescendo, apesar das críticas de Musk e do governo Trump.
“Alegar que são ‘manifestantes pagos’ é uma forma de desviar a atenção da impopularidade crescente de Musk e do DOGE”, disseram os organizadores à CNN.
As ações da Tesla fecharam a última sexta-feira (4) em US$ 239,43 — uma queda de mais de 50% em relação ao pico registrado em dezembro. A queda veio após o anúncio da empresa, na última quarta-feira (2), de que suas vendas caíram 13% nos três primeiros meses de 2025 — a maior queda da história da montadora. A empresa entregou 336.681 veículos, cerca de 50 mil a menos do que no primeiro trimestre de 2024.
Sinais da saída de Musk do DOGE
Musk — o homem mais rico do mundo e dono da Tesla, SpaceX e da plataforma X — foi inicialmente escolhido para co-liderar o DOGE ao lado do bilionário da biotecnologia Vivek Ramaswamy. O plano era que o órgão temporário encerrasse seus esforços de corte de gastos “até 4 de julho de 2026”, segundo Trump.
Mas o tempo de Ramaswamy à frente do órgão foi breve, e o papel de Musk como o rosto do DOGE pode terminar antes do esperado. Na segunda-feira, Trump disse a repórteres que “em algum momento, (Musk) vai sair. Ele quer isso”.
Musk respondeu na quarta-feira, na X, dizendo que era “fake news” a informação de que ele deixaria o DOGE nas próximas semanas.
A administração, no entanto, confirmou na quarta-feira que espera que Musk encerre sua passagem como “executor” de Trump entre o final de maio e junho, quando seus 130 dias como “funcionário público especial” se encerram.
No dia 20 de março, Musk admitiu a funcionários da Tesla em Austin, Texas, que está “sobrecarregado. Tenho tipo 17 empregos”. Musk também discutiu o preço que a reação negativa teve sobre ele e sua empresa de carros elétricos.
Em entrevista ao jornalista Bret Baier, da Fox News, exibida em 28 de março, Musk respondeu às críticas que recebe por conta do DOGE e comentou os casos de vandalismo contra unidades da Tesla.
“Estar no governo é na verdade desvantajoso para mim, não vantajoso”, disse Musk sobre seu papel no DOGE. “Minhas empresas estão sofrendo porque estou no governo.”
“Você acha que ajuda nas vendas se as concessionárias da Tesla estão sendo incendiadas? É claro que não”, disse.
As manifestações nas lojas da Tesla têm sido em sua maioria pacíficas, embora haja relatos isolados de vandalismo em algumas unidades.
A correspondente de mídia do Axios, Sara Fischer — que acompanha Musk de perto — disse à CNN, no sábado, que ele é “alguém que se entedia com muita facilidade”. Segundo ela, Musk provavelmente prefere retornar ao setor privado, especialmente em meio à guerra comercial e após considerar seu tempo no DOGE como uma vitória.
“Acho que ele veio, viu e conquistou, certo?”, disse Fischer, que também é analista de mídia da CNN. “Ele veio, fez o DOGE, cortou gastos. Vai voltar para o setor privado e chamar tudo isso de vitória. E ainda vai poder lavar as mãos de algumas dessas políticas econômicas, caso elas fracassem.”
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Este conteúdo foi originalmente publicado em Tesla é alvo de protestos nos EUA em meio a boatos de que Musk deixará DOGE no site CNN Brasil.