O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Pete Hegseth, disse nesta terça-feira (8) que o governo americano retomará o Canal do Panamá, que atualmente está sob influência da China.
A declaração veio na recente visita de Hegseth ao país da América Central, onde ele também prometeu melhorar a segurança com as forças do Panamá. O chefe da Defesa disse que a China não teria permissão para “transformar o canal em uma arma” usando as relações comerciais de empresas chinesas para espionagem.
“Juntos, retomaremos o Canal do Panamá da influência da China (…) A China não construiu este canal. A China não opera este canal e a China não o usará como arma. Juntos com o Panamá na liderança, manteremos o canal seguro e disponível para todas as nações”, declarou.
Mais de 40% do tráfego de contêineres dos EUA, avaliado em cerca de US$ 270 bilhões por ano, passa pelo Canal do Panamá, respondendo por mais de dois terços dos navios que passam diariamente pela segunda hidrovia interoceânica mais movimentada do mundo.
Enquanto Hegseth falou sobre remover a influência chinesa, Trump falou em termos mais amplos e não descartou o uso de força militar, se necessário.
Hegseth é o primeiro Secretário de Defesa dos EUA a visitar o país em décadas, e sua viagem vem após de relatos de que o governo Trump solicitou militares americanos para garantir acesso ao canal, construído pelos EUA e entregue ao Panamá em 1999.
Hegseth foi recebido pelo Ministro da Segurança Pública do Panamá, Frank Abrego, e teve reuniões privadas com o presidente José Raul Mulino e outras autoridades.
“No geral, esta não tem sido uma questão vitoriosa para os Estados Unidos em termos de diplomacia pública no Panamá”, disse Ryan Berg, diretor do Programa das Américas no Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais.
Em fevereiro, o atual presidente do Panamá anunciou a ação formal do país para sair da Iniciativa Cinturão e Rota da China e ajudou Trump na repressão aos migrantes. Ele aceitou voos de deportação de não-panamenhos e trabalhou para conter a migração da América do Sul por aqueles que cruzavam a perigosa selva de Darien.
Hegseth elogiou Mulino, dizendo que seu governo entendeu a ameaça da China. Trump alegou falsamente que a Pequim está operando o canal — algo que até o chefe do Pentágono disse não ser verdade nesta terça-feira — e que soldados chineses estão presentes no local.
Mas especialistas reconhecem preocupações de segurança dos EUA, particularmente em relação à espionagem, com a presença comercial chinesa expansiva no Panamá, que também inclui planos de empresas chinesas para construir uma ponte sobre o canal.
Autoridades dos EUA dizem que o Canal do Panamá seria crítico para a passagem de navios de guerra dos país durante qualquer conflito futuro na Ásia, já que os navios da Marinha transitariam do Atlântico para o Pacífico para apoiar o esforço de guerra.
Mesmo sem bloquear o canal, a China poderia ter uma vantagem enorme ao ser capaz de vigiar os navios que passam por ele.
Ainda assim, John Feeley, ex-embaixador dos Estados Unidos no Panamá de 2015 a 2018, contestou a afirmação do governo Trump de que a presença da China no Panamá era uma violação do tratado EUA-Panamá.
“O que não é legítimo sobre a maneira como Trump fez isso é a tática de intimidação que ele usou, que é alegar que houve uma violação do tratado de neutralidade, sendo que não houve”, disse Feeley.
Mulino defendeu a administração do canal pelo Panamá, dizendo que ele foi tratado de forma responsável pelo comércio mundial, incluindo o dos Estados Unidos, e que “é, e continuará a ser, panamenho”.
Este conteúdo foi originalmente publicado em Chefe do Pentágono quer interromper “influência chinesa” no Canal do Panamá no site CNN Brasil.