
Encontro aconteceu durante expedição de fotógrafos em uma reserva natural no sul do Chile. Fotógrafo brasileiro registra avistamento de puma na Patagônio Chilena
Um fotógrafo brasileiro esteve envolvido em uma cena rara nesta semana. Marcello Cavalcanti Shoda ficou frente a frente com uma fêmea de puma na Patagônia chilena enquanto liderava uma expedição fotográfica no Parque Nacional Torres del Paine, localizado no sul do país.
O episódio ocorreu na terça-feira (22), enquanto ele e mais nove pessoas fotografavam diversas paisagens dentro da reserva natural. O encontro com o felino chamou atenção por conta do animal ter ficado tanto tempo próximo a Marcello.
“Já estive próximo de pumas antes, mas nunca tão perto assim. Ela se aproximou de mim, e ficou por volta de um minuto à distância da minha mão. Um guia que estava com a gente falou ‘don’t move’ [não se mexa] e todos nós ficamos esperando ela se mover”, relata o fotógrafo.
Brasileiro fica a centímetros de distância de puma na Patagônia e vídeo chama atenção; veja
Mariano Risso/Divulgação
Maior mamífero da Patagônia
Considerado o maior mamífero silvestre da Patagônia, os pumas costumam pesar entre 60 e 80 Kg e são animais que podem ser encontrados em diversos biomas ao longo de toda a extensão entre a América do Sul e América do Norte. Eles também fazem parte da fauna brasileira, mas ficam atrás da onça-pintada, que tem o dobro do tamanho, com até 120 Kg.
“O puma do vídeo está acostumado a presença de pessoas por conta de um processo de habituação. Essa é a forma mais correta e ética cientificamente de aproximar a fauna do ser humano”, explica o biólogo André Lanna, doutor em Ecologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
A habituação citada pelo especialista ocorreu de forma bem-sucedida no parque do Chile, que atualmente é o único lugar do mundo onde é possível observar essa espécie tão de perto, de acordo com o biólogo.
Esse processo é comumente usado em regiões de preservação de mata nativa. No Brasil, um exemplo desse método é o que acontece com a observação de onças-pintadas no Pantanal.
Animal não é uma ameaça
Mesmo o comportamento do animal chamando atenção por conta de como ele se mostrou adaptado à presença humana, os biólogos explicam que pumas não representam ameaça para pessoas, pois na Patagônia, ele se alimenta de guanacos, um animal similar à lhama e no Brasil, suas presas são porcos-do-mato, pacas, tatus e cotias.
“No caso da Patagônia, antes o puma era visto como um problema por atacar rebanhos de carneiros. A partir do momento em que viram valor no convívio com a espécie, ele deixou de ser um predador e se tornou um atrativo para turismo. Muitas fazendas ao redor da região vivem desse disso hoje em dia”, conta Leandro Silveira, biólogo e presidente do Instituto Onça-Pintada.
Exemplo de preservação
Exemplos desse contato pacífico entre seres humanos e animais, como o visto na reserva da Patagônia e em outros locais do Brasil, são considerados os mais saudáveis por especialistas em meio-ambiente e servem como exemplo para mostrar como é possível tornar animais de um ecossistema mais tolerantes à presença humana.
Nesse sentido, André Lanna faz a ressalva de que não é interessante chamar a atenção de animais oferendo alimentos ultraprocessados e de consumo humano. Com o nome técnico de cevação, essa atitude pode transmitir doenças a fauna local e causar desequilíbrios ambientais e comportamentais no espaço.
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