O presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, afirmou ver com estranheza o fato de diversos setores da economia terem acesso a linhas de crédito com custo inferior à taxa livre de risco.
A declaração foi dada nesta terça-feira (29) em resposta a uma pergunta sobre a normalização da política monetária, uma das prioridades do BC na agenda para 2025.
Galípolo destacou o contraste entre os juros pagos pelas famílias e as condições oferecidas a algumas empresas.
“De um lado, você tem pessoas pagando juros que são múltiplos da taxa básica da economia. Do outro, algo que é estranho para qualquer estudante de economia: setores e empresas com acesso a crédito abaixo da taxa livre de risco da economia”, disse.
Segundo ele, a normalização da política monetária passa justamente por corrigir esse descompasso, permitindo que as famílias tenham acesso a crédito mais barato, mais próximo da Selic.
Galípolo atribui esse contraste a “vacinas” criadas ao longo do tempo para permitir que o país conviva com juros elevados, medidas que acabam desorganizando a política monetária no longo prazo.
“Cada vez que você cria uma vacina dessas, o remédio tem que vir numa dose mais elevada, e o processo vai aprofundando o problema”, afirmou.
Com frequência, Galípolo tem defendido o barateamento do crédito e criticado o uso distorcido do sistema pelas famílias.
O presidente da autoridade monetária afirmou que grande parte da população utiliza o crédito rotativo para consumo, embora ele tenha sido criado para situações emergenciais.
Com isso, os consumidores acabam pagando taxas de juro significativamente superiores à Selic.
“Esse tipo de crédito foi praticamente incorporado por uma parcela da população como se fosse renda disponível”, disse Galípolo na última terça-feira (22).
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Este conteúdo foi originalmente publicado em Galípolo: É “estranho” crédito mais barato que taxa livre de risco no site CNN Brasil.