Alternativas ao IOF elevam ainda mais o custo do capital, diz economista

As alternativas à alta do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), anunciadas pelo governo na madrugada desta segunda-feira (9), vão aumentar o custo do capital no Brasil, segundo a economista-chefe do Inter, Rafaela Vitória. Isso significa que tomar empréstimos e realizar financiamentos ficarão mais caros com a vigência das medidas pretendidas pelo governo.

Após longa reunião com os líderes partidários da Câmara dos Deputados na véspera, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, comunicou que a compensação ao IOF passará por uma maior cobrança das empresas de apostas esportivas, as chamadas bets, e pelo fim da isenção sobre o rendimento das Letras de Crédito Imobiliário (LCIs) e Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs).

“Mais uma vez, as medidas se concentram em aumento de impostos, especialmente sobre o setor financeiro e sobre o rendimento de títulos de renda fixa, hoje isentos. O movimento tende a elevar ainda mais o custo de capital no Brasil, principalmente porque seguimos sem a perspectiva de corte de juros no curto prazo”, afirmou a economista.

Rafaela Vitória também pontuou que as propostas não resolvem o problema do crescimento da dívida pública brasileira, que preocupam o governo pela elevação das despesas nos próximos anos.

“A ausência de medidas estruturais de controle do crescimento dos gastos mostra a dificuldade do caminho mais crível para o ajuste fiscal duradouro. Mais impostos vão cobrir o déficit em 2025 e, parcialmente, em 2026. Mas não resolvem a trajetória que seguirá de deterioração sem reformas mais definitivas”, destacou.

A economista ressaltou ainda a dificuldade aparente em aprovar medidas de corte de gastos no Congresso, como a desvinculação dos pisos da saúde e educação, a revisão de regras do BPC, o apoio ao projeto de limite de supersalários e a reforma da previdência dos militares.

“Sem solução à vista, o risco fiscal mantém o prêmio de juros em alta. O governo segue ignorando esse elevado custo com as despesas com juros, tanto para a dívida pública como para o setor privado, restringindo as medidas a aumento de impostos que não só são medidas paliativas, mas vão limitar o crescimento da economia pelo lado da oferta”, concluiu.

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