Sly Stone, o influente porém enigmático astro do funk-rock, cujas gravações cheias de alma e consciência social alteraram o curso da música popular antes de ele se retirar abruptamente dos holofotes e se tornar o “J.D. Salinger do rock”, morreu, anunciou sua família nesta segunda-feira (9). Ele tinha 82 anos.
“É com profunda tristeza que anunciamos o falecimento de nosso amado pai, Sly Stone, do Sly and the Family Stone”, diz o comunicado da família. “Após uma longa batalha contra a DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica) e outras questões de saúde, ele faleceu em paz, cercado por seus três filhos, seu amigo mais próximo e sua família estendida. Enquanto lamentamos sua ausência, encontramos consolo em saber que seu extraordinário legado musical continuará a ressoar e inspirar por gerações.”
“Sly foi uma figura monumental, um inovador revolucionário e um verdadeiro pioneiro que redefiniu o cenário da música pop, funk e rock”, continua o comunicado. “Suas canções icônicas deixaram uma marca indelével no mundo, e sua influência permanece inegável. Em um testemunho de seu espírito criativo duradouro, Sly completou recentemente o roteiro da sua cinebiografia, um projeto que estamos ansiosos para compartilhar com o mundo em breve, o qual segue a publicação de suas memórias em 2024.”
Nascido Sylvester Stewart em Denton, Texas, o segundo de cinco filhos, sua família era ligada à Igreja de Deus em Cristo (Cogic) e manteve esse vínculo religioso após a mudança para Vallejo, Califórnia.
Aos oito anos, ele e três irmãos gravaram um single gospel com o grupo Stewart Four.
“Um prodígio musical, passou a ser conhecido como Sly ainda na escola primária, após um amigo escrever ‘Slyvester’ errado. Aos 11 anos já dominava teclados, guitarra, baixo e bateria, e se apresentou em várias bandas no ensino médio”, segundo seu site oficial.
“Uma dessas bandas, The Viscaynes, tinha uma formação integrada racialmente, algo incomum no final dos anos 1950. O grupo lançou alguns singles, e Sly também lançou músicas solo nesse período, trabalhando com seu irmão mais novo, Freddie.”

Enquanto estudava na faculdade comunitária de Vallejo, aprendeu composição, teoria musical e trompete. Tornou-se um DJ popular na rádio KSOL, voltada ao R&B.
Seus “gostos musicais ecléticos” ajudaram a tornar seu programa um sucesso, e ele foi um dos primeiros DJs a tocar artistas brancos com influência R&B, como Beatles, Animals e Rolling Stones. Mais tarde, trabalhou também na rádio KDIA, onde ficou até formar a lendária Sly and the Family Stone, em 1967.
Segundo seu site, “Sly and the Family Stone romperam com o status quo de Las Vegas ao serem contratados para uma temporada de três meses, seis noites por semana, no Pussycat a’ Go Go, com presença de nomes como James Brown e Bobby Darin.”
Nas folgas de segunda-feira, a banda voava para Los Angeles para gravar o álbum de estreia, A Whole New Thing. Incluía o primeiro grande sucesso, “Dance to the Music”, que também faria parte do segundo álbum.
Apesar do sucesso inicial, Sly enfrentou sérias dificuldades financeiras, problemas de saúde e até períodos de situação de rua. Aclamado como um gênio musical, também ficou conhecido por seu comportamento recluso.
Antes de desaparecer da vida pública, Stone foi uma força criativa potente no final dos anos 1960 e início dos 70 — cantor, compositor, líder de banda e produtor. Entre outros sucessos do grupo estão “Hot Fun in the Summertime”, “Thank You (Falettinme Be Mice Elf Agin)” e “Family Affair”.
A apresentação da banda no Harlem Cultural Festival de 1969 foi eternizada no documentário vencedor do Oscar Summer of Soul, dirigido por Ahmir “Questlove” Thompson.
Questlove também estava produzindo um filme sobre Sly, que em 2023 lançou sua autobiografia.
Nela, revelou demônios pessoais como o uso de substâncias e outros momentos sombrios da vida que não o retratam sob a melhor luz.
“Como parte da primeira geração de superastros do rock, Sly mergulhou em praticamente todos os excessos até quase se autodestruir”, escreveu Jem Aswad, da Variety, na resenha da biografia. “Embora amigos como Muhammad Ali, Doris Day e George Clinton apareçam nesse período, os relatos de seus ‘anos altos’ — já incluídos em livros e documentários anteriores — falam de armas, seguranças agressivos e cães de guarda ainda mais violentos — um deles, chamado Gun, foi morto por Sly após atacar gravemente seu filho. Ele o chamou de seu melhor amigo.”
Sly and the Family Stone foram incluídos no Hall da Fama do Rock & Roll em 1993. Na nota desta segunda-feira, a família agradeceu aos fãs de Sly “do fundo do coração pelo apoio incondicional”.
“Estendemos nossa mais profunda gratidão pelo carinho e pelas orações neste momento difícil”, escreveram. “Desejamos paz e harmonia a todos que foram tocados pela vida e pela música icônica de Sly.”
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