Torres diz que ‘minuta do golpe’ é ‘minuta do Google’ e tinha erros de concordância: ‘Nem me lembrava’

O ex-ministro da Justiça Anderson Torres afirmou nesta terça-feira (10), em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF), que nem se lembrava de ter recebido ou tratado de uma “minuta golpista” – um rascunho de documento que previa a declaração de estado de defesa no país e a prisão de autoridades para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Segundo Torres, a apreensão desse documento durante uma operação de busca e apreensão da Polícia Federal em sua casa foi uma “surpresa” para ele.
“Na verdade, ministro, não é ‘minuta do golpe’. Chamo de ‘minuta do Google’ […] Eu levava duas pastas pra minha residência, uma delas contendo a agenda do dia seguinte, eventuais minutos de discurso, coisas nesse sentido, e outra com documentos gerais que vinham no Ministério”, disse.
“Eu realmente nem me lembrava dessa minuta. Me lembrei, foi o que me fez [lembrar], foi aprendido pela Polícia Federal. Foi uma surpresa. O senhor, não sei se estava acompanhando, mas isso era voz corrente nas caixas dos ministérios. Estava difícil trabalhar, inclusive a gente recebia minutas, ideias e uma série de coisas pelo WhatsApp, papel”, emendou.
“Eu nunca tratei isso com ninguém, isso veio até o meu gabinete do Ministério da Justiça, organizado pela minha assessoria, isso veio num envelope dentro, foi parar na minha casa, mas eu nunca discuti esse assunto, eu nunca trouxe isso à tona, isso foi uma fatalidade que aconteceu. Era pra ter sido destruída há muito tempo, eu nunca trabalhei isso. O documento era muito mal escrito, cheio de erros de português, de concordâncias, até o nome do tribunal que estava escrito lá estava escrito errado. Então não é da minha lavra, não sei quem fez, não sei quem mandou fazer e nunca discuti esse tipo de assunto”, adicionou.
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