Dia dos Namorados: como falar de finanças com o parceiro?

O Dia dos Namorados chegou e, entre flores e chocolates, também é importante pensar em casal sobre um tema essencial: as finanças.

Nem sempre esse é um assunto fácil ou cômodo de se tratar com o parceiro, mas especialistas consultadas pela CNN afirmaram que falar sobre dinheiro é essencial para um relacionamento saudável e duradouro.

Leticia Camargo, economista e planejadora financeira CFP, explica ser importante entender, desde o começo do namoro, como o parceiro irá cuidar das finanças e o perfil de consumo, para saber se os objetivos futuros em casal vão se sincronizar.

“É importante no começo do namoro já começar a conversar sobre dinheiro e entender como que o outro funciona, fazer e combinar as regras”, diz.

Para isso, a especialista aconselha que o casal combine uma viagem ou uma compra em conjunto com data limite, capaz de ver como o parceiro se comporta organizando seus gastos.

Além disso, ela indica ir perguntando gradualmente quais são os objetivos da pessoa amada, além do salário, patrimônio e poupança.

Outro ponto importante de se tratar com o parceiro é o regime de casamento, ainda mais se essa data está se aproximando, para evitar desentendimento no futuro.

“Hoje a gente tem que lidar com a questão da longevidade. Vivemos mais e o nosso dinheiro tem que nos sustentar mais tempo de vida, portanto, é muito importante pensar e cuidar da sua vida financeira”, explicou Sigrid Guimarães, planejadora financeira e CEO da gestora de patrimônio Alocc.

Guimarães cita o uso de uma conta conjunta como uma boa opção para se organizar financeiramente em casal.

“Você consegue saber exatamente qual é o custo fixo, quanto cada um contribui do custo daquela conta, então, fica muito organizado. Fora isso, cada um pode, se quiser, ter a sua conta pessoal para cuidar dos seus gastos pessoais”, aconselha a especialista.

Um estudo da Rico revela que casais que dividem as contas podem economizar até R$ 1.092 por mês com a divisão de despesas fixas, como aluguel, condomínio e alimentação.

Esse número representa um total de R$ 13.104 economizados por ano, considerando que o casal more junto.

Finanças são principal motivo de brigas entre casais

Mas, tratar do assunto das finanças pode ser desafiador.

Segundo pesquisa da Serasa, 53% dos brasileiros afirmaram que o dinheiro é o principal motivo de briga nos relacionamentos amorosos, sendo que decisões tomadas por impulso aparecem como a fricção mais frequente para o desentendimento.

A psicóloga Brunna Laís Lima explica que essa dificuldade muitas vezes está relacionada a padrões emocionais e de pensamento que os parceiros carregam desde a infância.

“A forma como cada pessoa lida com dinheiro pode estar ligada a esquemas como privação emocional, autossacrifício, punição ou controle. Ou seja, se uma pessoa cresceu em um ambiente onde o dinheiro era fonte de conflito ou escassez, ela pode desenvolver respostas emocionais intensas ao falar sobre isso na vida adulta — como medo, vergonha ou necessidade de controle”.

A pesquisa da Serasa ainda revela que quase metade dos entrevistados (49%) já escondeu algum problema financeiro do parceiro.

Contudo, Lima avalia que quando um dos parceiros esconde dívidas ou omite gastos, isso geralmente está ligado a sentimentos de vergonha, medo de julgamento, insegurança ou necessidade de manter o controle.

“Muitas vezes, essa pessoa aprendeu — em sua história de vida — que errar era inaceitável ou que mostrar fragilidade poderia trazer punição ou rejeição. Assim, a omissão acaba sendo uma tentativa de evitar conflito, mas que gera afastamento e quebra de confiança no relacionamento”.

O primeiro passo para lidar com essa situação, segundo a psicóloga, é abrir um espaço de escuta sem julgamentos, onde o parceiro que omitiu possa falar sobre o que sentiu, e o outro possa expressar sua dor com respeito e assertividade.

“Na prática, o ideal é que o casal reserve momentos tranquilos para essas conversas e adote uma postura de curiosidade e colaboração, e não de acusação”, diz.

“Perguntas como ‘o que é prioridade para você financeiramente?’ou ‘como podemos nos organizar melhor com os gastos mensais?’ são mais eficazes do que cobranças ou críticas”, aconselha a psicóloga.

Lima ressalta que falar abertamente sobre finanças traz muitos benefícios para o casal, como fortalecimento da parceria, redução de conflitos e estímulo da confiança, e, por isso, procurar ajuda de um profissional para fazer terapia pode transformar a relação.

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