Ex-secretário que matou a mãe após ser investigado por estupro escreveu livro sobre direitos da criança


Thiago Felipe de Souza Avanci, de 39 anos, matou a mãe, o cachorro e tirou a própria vida na casa da família. Ele já foi presidente do Conselho de Direitos da Criança e Adolescente de Guarujá (SP). Thiago Avanci era professor, advogado e secretário de Modernização e Transformação Digital de Guarujá (SP)
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Thiago Felipe de Souza Avanci, o ex-secretário municipal de Guarujá (SP) que matou a mãe, o cachorro e tirou a própria vida, participou de um livro sobre os direitos da criança e do adolescente publicado em 2022. O homem, de 39 anos, cometeu o crime após a família descobrir que ele estuprava um menor autista.
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O advogado foi encontrado morto com a mãe, Sueli Nastri De Souza Avanci, de 72, e o cachorro, na casa onde moravam no Balneário Praia de Pernambuco, em Guarujá (SP), na terça-feira (17). A idosa tinha uma marca de tiro na cabeça, assim como Thiago. O animal não tinha lesões aparentes.
De acordo com o currículo lattes de Thiago, ele atuava como advogado no escritório Nastri & Avanci desde 2008. Durante toda a trajetória no Direito, ele integrou diversas comissões da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), na seção Guarujá, incluindo a presidência e vice-presidência do Conselho de Direitos da Criança e Adolescente.
Além da extensa carreira acadêmica, Thiago escreveu capítulos para 10 livros, incluindo o intitulado ‘Estatuto da Criança e do Adolescente: entre a efetividade dos direitos e o impacto das novas tecnologias’. Lançada em 2022, com a colaboração de pesquisadores de quatro países, a obra aborda direitos à convivência familiar e à educação, bem como os impactos da internet na vida desse grupo.
O advogado publicou dois livros em sua área de atuação, ‘O futuro do Direito’ e ‘Teoria Pós Positivista dos Direitos Fundamentais’. No currículo dele, consta que o acadêmico teve 17 trabalhos publicados em anais de congressos, orientou estudantes universitários em apresentações e concedeu diversas entrevistas a veículos de comunicação.
Felipe Avanci matou a mãe Sueli Avanci depois que a família descobriu que ele estuprava o menor autista em Guarujá, SP
Redes sociais e Matheus Croce/TV Tribuna
Estupros
A equipe de reportagem apurou que, há aproximadamente 15 dias, um menor de idade relatou à psicóloga que sentia dores na região do ânus, o que chamou a atenção da profissional e dos pais dele.
Passados alguns dias, Thiago entregou ao pai do menino um envelope com o pen drive. Assim que os pais acessaram o conteúdo, eles viram o secretário confessando o crime e as imagens dos estupros. Com base nas datas dos registros, a situação acontecia há pelo menos um ano.
Secretário municipal mata a mãe e o cão após ser exonerado do cargo
Denúncia
O casal levou o caso à Delegacia de Defesa da Mulher (DDM), onde um boletim de ocorrência de estupro de vulnerável foi registrado. A Polícia obteve na Justiça um mandado de busca e apreensão e apreendeu um revólver em um dos imóveis, que não foi informado.
Thiago não estava em casa, mas compareceu mais tarde para prestar depoimento e entregou outra pistola. Ele foi liberado e, horas depois, matou a mãe, o cachorro e tirou a própria vida.
O caso foi registrado na delegacia sede de Guarujá como homicídio e suicídio consumado. Os policiais também apreenderam quatro celulares de Thiago, um notebook, um pen drive, um revólver, uma adaga e munições.
A Prefeitura de Guarujá informou que uma equipe do Serviço Móvel de Urgência (SAMU) foi acionada às 20h54, chegou ao local às 21h10, e constatou o óbito. A investigação segue sob a responsabilidade da Polícia Civil.
Justiça não determinou prisão
Thiago Avanci, advogado que matou a mãe, o cachorro e tirou a própria vida em Guarujá (SP)
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O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) realizou um pedido de prisão temporária contra Thiago, por meio do promotor de Justiça de Santos (SP), no último dia 9 de setembro. O juiz da 2ª Vara Criminal da cidade, porém, no dia seguinte, declarou que o caso deveria ser julgado pela Justiça de Guarujá (SP), uma vez que o crime foi cometido no município vizinho.
O promotor de Justiça de Guarujá (SP) se manifestou no dia 11 de setembro contra o pedido. O juiz da 2ª Vara Criminal do município acolheu a manifestação, considerando que a prisão de Thiago não se mostrava “imprescindível” para o andamento das investigações.
O magistrado, no entanto, determinou medidas protetivas de urgência para o menor, que foi vítima de Thiago. O ex-secretário municipal deveria manter uma distância mínima de 200 metros do garoto, sendo proibido também de entrar em contato com o menino ou familiares dele.
O juiz ainda determinou a suspensão do porte de arma do investigado, expedindo um mandado de busca e apreensão nos endereços residenciais e profissionais dele.
Prefeitura
Em nota, a Prefeitura de Guarujá disse que Thiago ingressou na administração municipal em julho de 2019, com o cargo de assessor na Secretaria de Coordenação Governamental (Segov).
Ele exerceu a função até janeiro de 2021, quando foi nomeado assessor de Assuntos Estratégicos. Em julho do mesmo ano, Thiago foi designado como liquidante da Empresa de Urbanização de Guarujá (Emurg), onde permaneceu até abril de 2024.
Em seguida, ele foi nomeado como secretário adjunto de Coordenação Governamental e Assuntos Estratégicos. Dois meses depois foi exonerado para assumir a Secretaria de Modernização e Transformação Digital (Semod).
Segundo a Prefeitura de Guarujá, na última terça-feira (17), Avanci pediu exoneração do cargo, sendo a portaria publicada na edição do Diário Oficial do Município de quarta-feira (18).
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