Greve de ônibus afeta 1,2 milhão de pessoas no Grande Recife; poucos ônibus e longas filas


De acordo com Sindicato dos Rodoviários, paralisação é por tempo indeterminado. Urbana-PE disse trabalhadores não colocaram número mínimo de veículos nas ruas e acionou a Justiça do Trabalho. Greve de ônibus no Grande Recife: entenda impasse entre Sindicato dos Rodoviários e empresas de ônibus
Em meio à greve dos rodoviários do Grande Recife, que começou nesta segunda-feira (12), os passageiros que dependem do transporte público enfrentam transtornos com poucos ônibus nas ruas e longas filas nos terminais e integrações. De acordo com o Grande Recife Consórcio de Transporte, a paralisação afeta cerca de 1,2 milhão de passageiros (veja vídeo acima).
Ao g1, o Sindicato das Empresas de Ônibus (Urbana-PE) informou que apenas 25% da frota foi colocada em operação pelos trabalhadores. No início da manhã, o sindicato patronal também disse que os rodoviários bloquearam a frente das garagens das empresas que atuam na Região Metropolitana do Recife, impedindo a saída dos veículos.
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Para os passageiros que precisaram usar o transporte público na manhã desta segunda e no início da tarde, a principal dificuldade é a demora dos poucos coletivos que circulam. A situação nas ruas centrais do Recife é pessoas aguardando transporte nas paradas e nas integrações, enquanto nas ruas a calmaria do trânsito mostra os impactos da greve dos rodoviários.
A professora Ariany Soares, que trabalha em Casa Forte, na Zona Norte na cidade, contou à TV Globo que estava há mais de uma hora esperando um ônibus no Terminal Integrado do Barro, na Zona Oeste do Recife.
“Cheguei aqui e vi nenhum ônibus rodando. […] Vou para a [terminal da] Macaxeira e nem sei como é que está a situação lá; então, a gente fica aqui nesta incógnita”, disse.
Fila de ônibus no Terminal da PE-15, em Olinda
Reprodução/TV Globo
O mesmo problema foi enfrentado pelo administrador Kauan Henrique, que mora no Barro e trabalha em Muribeca, em Jaboatão dos Guararapes. Ele passou mais de duas horas esperando o coletivo. “Desde 6h30 que estou aqui, eles [os ônibus] só param e não saem”, disse.
No terminal de ônibus da PE-15, em Olinda, desde as primeiras horas da manhã, uma fila de ônibus parados se formou e permanecia inalterada até o meio-dia. Na Av. Dantas Barreto e no bairro do Derby, regiões centrais da cidade, passageiros aguardavam algum transporte coletivo nas paradas.
Entre as principais reivindicações, estão reajuste salarial de 5% e implementação de plano de saúde para a categoria. Os patrões ofereceram 0,5% de reajuste real (acima da inflação), abono salarial de R$ 180, e não chegaram a entendimento sobre plano de saúde.
A greve foi deflagrada após rodadas de negociação entre o Sindicato dos Rodoviários e o Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros de Pernambuco (Urbana-PE).
O presidente do Sindicato dos Rodoviários de Pernambuco, Aldo Lima, pediu a mediação direta do governo de Pernambuco nas negociações (entenda mais abaixo).
Urbana-PE aguarda decisão do Judiciário
Ao g1, a Urbana-PE afirmou que acionou a Justiça do Trabalho para pedir o fim do movimento grevista. De acordo com Bernardo Braga, coordenador técnico da Urbana-PE, apenas 25% da frota foi colocada em operação.
“O sindicato dos rodoviários bloqueou as garagens de todas as empresas de ônibus, impediu a circulação dos veículos e impediu até que aqueles rodoviários que queriam trabalhar exercessem suas atividades”, disse.
Bernardo também afirma que não há previsão de novas negociações com os trabalhadores e que a as empresas de ônibus vai aguardar a ação da Justiça.
“Neste momento não há nenhuma proposta na mesa, com a deflagração da greve não há nenhuma perspectiva de negociação. Então, demos entrada no pedido de julgamento e vamos esperar”, afirmou.
Categoria pede melhores condições de trabalho
De acordo com Aldo Lima, presidente do Sindicato dos Rodoviários, o principal pedido da categoria foi ignorado pelas empresas, que é o plano de saúde.
“Já que o governo repassa subsídio para as empresas, que é dinheiro público, por que parte desse subsídio não pode ser custeado para beneficiar o trabalhador rodoviário?”, disse.
Aldo Lima também reforçou que a categoria quer resolver o impasse rápido e, por isso, também cobrou ação direta do governo estadual.
“Eu gostaria muito que o governo do estado se sensibilizasse, olhasse para aqueles que estão nos degraus de baixo, compreendesse a necessidade que estes profissionais têm de ter um plano de saúde, porque são eles que fazem o transporte coletivo funcionar na cidade, cumprem um serviço essencial”, afirmou.
A greve foi decidida pelos rodoviários na quarta-feira (7) após assembleia. De acordo com a categoria, a proposta apresentada pela Urbana foi de:
Reajuste salarial de 0,5% de aumento acima da inflação;
R$ 400 para vale-alimentação;
Abono de R$ 180 para rodoviários que exercem dupla função (como motorista e cobrador);
Controle das horas de trabalho via GPS.
Dentro da campanha salarial, os rodoviários reivindicam:
Reajuste de 5% acima da inflação (reajuste real);
Fim do controle pelo GPS;
Fim da compensação de horas;
Vale-alimentação de R$ 720;
Abono de R$ 500 para quem exerce dupla função;
Implementação de plano de saúde para trabalhadores de todas as empresas.
Outro ponto que entrou na pauta de reivindicação da categoria foi a migração dos funcionários da empresa Vera Cruz para outras empresas. A Vera Cruz devolveu as 36 linhas sob sua responsabilidade para o Grande Recife Transporte, que foram transferidas para outras concessionárias.
Na quinta-feira (8), o Grande Recife Consórcio de Transporte determinou que os rodoviários colocassem na rua uma frota mínima de 70% dos coletivos nos horários de pico, das 5h às 9h e das 16h às 20h, e 50% nos demais horários.
O Sindicato dos Rodoviários disse que não cumpriria a determinação do consórcio, pois o percentual mínimo exigido por lei é de 30% da frota na rua.
* Estagiária, sob supervisão da editora Juliana Cavalcanti
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