Tragédia aérea muda rotina e aproxima vizinhos em condomínio de Vinhedo: ‘Todo mundo sofreu de alguma forma’


Moradores do residencial Recanto Florido, no interior de SP, mudaram hábitos após acidente que matou 62 pessoas, e se uniram em rede apoio. Tragédia aérea muda rotina e aproxima vizinhos em condomínio de Vinhedo
Moradores do Residencial Recanto Florido, em Vinhedo (SP), tiveram a rotina transformada pela queda do avião da Voepass, que deixou 62 mortos há uma semana. Agora, os vizinhos criaram uma espécie de rede de apoio para testemunhas do maior desastre aéreo do país desde 2007.
Desde a queda da aeronave, os moradores afirmam ter visto um fluxo inédito e incessante de equipes de resgate, agências governamentais, imprensa e curiosos. Em meio à tragédia, aplicativos de mensagens, por exemplo, surgiram como uma forma de acolhimento entre os próprios moradores.
“Todo mundo que mora aqui sofreu de alguma forma, então a gente passou a se apoiar mais”, comenta a advogada Nathalie Cicari.
Gabrielly Camargo, que estava em casa durante a queda, diz sentir que os moradores estão mais unidos, se ajudando e conversando com mais frequência. Essa mobilização deve resultar, em data ainda a definir, na realização de um ato ecumênico em homenagem às vítimas.
“Estamos sendo mais que parceiros, um ajudando o outro”, conta Gabrielly.
Autoridades no local de queda de aeronave em Vinhedo, no interior de SP
REUTERS/Carla Carniel
Condomínio pacato
Rogério Camargo, pai de Gabrielly, explica que o condomínio é pequeno e, por ser afastado do Centro da cidade, costumava ser muito calmo, tendo como característica marcante a tranquilidade. Mas, desde o acidente, tudo mudou.
Foi durante a movimentação de equipes de resgate e perícia que a união entre os moradores se intensificou, segundo Rogério. Isso porque os vizinhos se mobilizaram para ajudar os agentes com água, lanches e até cedendo as próprias casas.
“Todo mundo fez um pouco aqui para deixar eles trabalharem da melhor forma possível”, recorda o morador.
Embora a rede de apoio ajude a atenuar os traumas, os residentes ainda carregam apreensão e tristeza por conta da tragédia, conforme relata Érika Lepre Galindo. “Estão com um semblante triste mesmo, por tudo que aconteceu”, lamenta.
Conselheira da Associação de Moradores do Residencial Recanto Florido, Silvia Bongiovanni, durante entrevista
Wesley Justino/ EPTV
Cronologia da tragédia
Ainda não se sabe o que causou o acidente, mas a queda em espiral sugere a ocorrência de um estol — que acontece quando a aeronave perde a sustentação que lhe permite voar —, segundo especialistas.
Veja, abaixo, da decolagem à queda, a cronologia do acidente da Voepass, o maior do país em número de vítimas desde 2007, quando um avião atingiu um edifício em São Paulo ao tentar pousar.
Inicialmente, a Voepass noticiou que 61 pessoas tinham morrido após a queda do avião. Na manhã de sábado (10), o número de mortes subiu para 62.
A aeronave decolou às 11h56 e o voo seguiu tranquilo até 13h20.
O avião subiu até atingir 5 mil metros de altitude às 12h23, e seguiu nessa altura até as 13h21, quando começou a perder altitude, segundo a plataforma Flightradar.
Nesse momento, a aeronave fez uma curva brusca.
Segundo a Força Aérea Brasileira (FAB), a partir das 13h21 a aeronave não respondeu às chamadas do Controle de Aproximação de São Paulo, bem como não declarou emergência ou reportou estar sob condições meteorológicas adversas.
Às 13h22 – um minuto depois do horário do último registro – a altitude estava em 1.250 metros, uma queda de aproximadamente 4 mil metros.
A velocidade dessa queda foi de 440 km/h.
O Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA) informou que o “Salvaero” foi acionado às 13h26 e encontrou a aeronave acidentada em um condomínio.
Como era o avião que caiu em Vinhedo
Arte g1
VÍDEOS: tudo sobre Campinas e região
Veja mais notícias sobre a região no g1 Campinas
Adicionar aos favoritos o Link permanente.