29 horas de trabalho sem parar, expressões de choque: os relatos de quem atuou no resgate da queda do avião em Vinhedo


Acidente com aeronave da Voepass matou 62 pessoas na última sexta-feira, no maior acidente aéreo em solo brasileiro desde 2007. Acidente aéreo que deixou 62 mortos em Vinhedo completa uma semana nesta sexta
Muitas cenas da tragédia com o avião da Voepass, que deixou 62 mortos há uma semana em Vinhedo (SP), ficarão para sempre na memória da aviação brasileira. Algumas delas, porém, foram gravadas apenas pelos olhos de quem atuou ativamente para evitar um cenário ainda pior: as equipes de resgate.
É o caso da guarda municipal Ariadne Soraia Petertin. A equipe dela foi a primeira oficial a chegar no local. “Quando nós chegamos, muito fogo, muitas explosões. A gente não conseguia se aproximar. De longe dava para avistar alguns corpos, muitas malas. Os vizinhos muito apavorados”, relembra (assista acima).
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Não demorou para que outras dezenas de trabalhadores das forças de segurança e de resgate também chegassem para uma missão que daria horas ininterruptas. A resposta rápida resultava do pavor de uma vizinhança estremecida: somente para a Polícia Militar foram ao menos 100 ligações nos primeiros minutos da tragédia.
Entre os muitos moradores que tentavam chamar por ajuda estava o guarda e agente da Defesa Civil aposentado Marcos Antônio Fideles. “Quando eu ouvi o barulho alto, pareciam aviões da esquadrilha da fumaça, relata. Com o celular, ligou para o telefone pessoal de Maurício Roberto Barone, diretor da Defesa Civil.
O contato rápido, desesperado, foi quase que em códigos. “Eu vi o avião começando a dar volta. Nesse momento, a primeira coisa foi ligar para o diretor Barone, no celular particular dele. Liguei: ‘avião está caindo’. Ele perguntou o local. [Respondi] ‘Não dá para saber o local. Mobiliza equipe’. Foi só, foi rápido, e entrei em desespero”.
“Você vê uma cena, você tá olhando vê que vai cair, você pede: ‘Deus, não faça isso’. Você quer alcançar, segurar, e não tem como”, completa.
Resposta rápida e choque
Forças de segurança, agências governamentais e equipes de resgate contaram com o apoio de vizinhos da tragédia em Vinhedo
Antônio Neto/Arquivo pessoal
Do outro lado da linha, mais uma vez, agilidade era palavra forte. Com sirene e luzes ligadas, a viatura chegou rápido para encontrar, em meio à fumaça, vidas que partiram e outras que pareciam não acreditar no que viam. “Logo que chegou no local, a gente notou expressões de estado de choque, perplexidade”.
“A gente percebeu que poderia ser alguma coisa grande. Eu liguei para a casa militar, a Defesa Civil do Estado, e informei que havia ocorrido um acidente aéreo em Vinhedo. Eles devolveram que tinha sumido dos radares dos aeroportos da região um voo que vinha de cascavel, que era avião de médio porte. Eles já informaram: ‘se prepara, que é para ter 62 pessoas’, detalha.
Foi o maior acidente aéreo do país desde 2007. Ainda de acordo com o diretor da Defesa Civil, entre a tarde de sexta-feira e o sábado (14), foram 29 horas de trabalho sem parar. Para isso, contaram com a ajuda dos moradores que serviram água, lanches e até cederam as próprias casas para o trabalho.
Dias depois, eles compartilham memórias e emoções que não vão se apagar, mas também se orgulham. “Não só a minha equipe, mas todas que estiveram lá entregaram o máximo de si para devolver qualquer coisa que fosse possível de dignidade, respeito e boas memórias das vidas que estiveram aqui e agora vão continuar com seus familiares.
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Cronologia da tragédia
Ainda não se sabe o que causou o acidente, mas a queda em espiral sugere a ocorrência de um estol — que acontece quando a aeronave perde a sustentação que lhe permite voar —, segundo especialistas.
Veja, abaixo, da decolagem à queda, a cronologia do acidente da Voepass, o maior do país em número de vítimas desde 2007, quando um avião atingiu um edifício em São Paulo ao tentar pousar.
Inicialmente, a Voepass noticiou que 61 pessoas tinham morrido após a queda do avião. Na manhã de sábado (10), o número de mortes subiu para 62.
A aeronave decolou às 11h56 e o voo seguiu tranquilo até 13h20.
O avião subiu até atingir 5 mil metros de altitude às 12h23, e seguiu nessa altura até as 13h21, quando começou a perder altitude, segundo a plataforma Flightradar.
Nesse momento, a aeronave fez uma curva brusca.
Segundo a Força Aérea Brasileira (FAB), a partir das 13h21 a aeronave não respondeu às chamadas do Controle de Aproximação de São Paulo, bem como não declarou emergência ou reportou estar sob condições meteorológicas adversas.
Às 13h22 – um minuto depois do horário do último registro – a altitude estava em 1.250 metros, uma queda de aproximadamente 4 mil metros.
A velocidade dessa queda foi de 440 km/h.
O Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA) informou que o “Salvaero” foi acionado às 13h26 e encontrou a aeronave acidentada em um condomínio.
Como era o avião que caiu em Vinhedo
Arte g1
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