General sugeriu Braga Netto na Defesa para que golpe tivesse apoio; ouça

O general do Exército Mario Fernandes sugeriu que o general Walter Braga Netto assumisse o Ministério da Defesa no fim do governo de Jair Bolsonaro (PL).

A ideia era que Braga Netto — que foi ministro de Bolsonaro e candidato a vice do ex-presidente na eleição presidencial de 2022 — pudesse convencer os comandantes das Forças Armadas a apoiarem a suposta tentativa de golpe de Estado.

Na semana passada, Fernandes foi indiciado pela Polícia Federal (PF) por participação na suposta tentativa de golpe.

As informações constam em um dos áudios obtidos pela PF na investigação sobre o assunto.

“Eu tava pensando aqui: Sugeri o presidente até, por**, ele pensar em mudar de novo o MD [Ministério da Defesa], por**. Bota de novo o Braga Netto lá. General Braga Netto tá indignado, por**. Ele vai ter um apoio mais efetivo”, disse Mario Fernandes.

Ouça o áudio:

Braga Netto foi ministro da Defesa do governo Bolsonaro entre 2021 e 2022 — antes, ele foi ministro da Casa Civil. Depois, deixou o cargo para concorrer a vice-presidência da República na chapa de Bolsonaro nas eleições.

Eles perderam a disputa para Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Quem assumiu a Defesa em seguida foi Paulo Sérgio Nogueira, também indiciado.

“Reestrutura de novo, po**. Ah, não, por**, aí vão alegar que eu tô mudando isso pra dar um golpe. Porra, negão. Qualquer solução, Caveira, tu sabe que ela não vai acontecer sem quebrar ovos, né, sem quebrar cristais. Então, meu amigo, partir pra cima, apoio popular é o que não falta”, afirmou Fernandes.

O general também disse estar preocupado com a saúde de Bolsonaro. “Tem que tomar cuidado, cara. Ontem eu fiquei preocupado com a saúde do presidente, cara. Por**, ele [ininteligível] escrota, ele tossindo, por**, ele tem que se cuidar, cara. E levantar a cabeça, por**. Partir para cima. Ainda que seja caindo, por**. Ele vai cair de pé, por**, altivo como sempre esteve”, disse.

De acordo com o relatório da PF, os áudios foram enviados no dia 10 de novembro de 2022 ao coronel Marcelo Câmara, que tinha contato salvo como “Caveira” no telefone de Fernandes.

Os arquivos foram identificados pela PF em investigação sobre planos golpistas para manter Bolsonaro na presidência e matar Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

A CNN tenta contato com as defesas de Mario Fernandes e Braga Netto a respeito do áudio.

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