COP29 está entre acordo ruim ou fracasso total no aporte de ações climáticas

A COP29 já não tem chances de conseguir produzir um acordo satisfatório entre os países para o financiamento das ações de combate às mudanças climáticas.

Na melhor das hipóteses, a cúpula do clima produzirá um acordo muito ruim em relação ao financiamento. Na pior, terminará em fracasso total nesse quesito.

O mundo em desenvolvimento deixou claro durante a COP29, por meio de estudos científicos e econômicos, que precisa de pelo menos US$ 1 trilhão por ano até 2030 em ajuda das nações mais ricas.

Mas os países desenvolvidos – os que mais emitiram gases de efeito estufa e que, portanto, são os maiores responsáveis pelo aquecimento global – têm resistido até agora.

Além da questão do valor, a COP precisa definir também os critérios de acesso a esse dinheiro, que países seriam obrigados a fazer as contribuições e qual processo garantiria a auditagem para dar transparência a essas contas.

 

Nesta sexta-feira (22), a presidência da COP29, que acontece em Baku, no Azerbaijão, divulgou um texto final de negociação propondo uma meta de financiamento de US$ 250 bilhões por ano até 2035, com os “países desenvolvidos assumindo a liderança” na entrega do dinheiro.

Além disso, o texto “convida” os países “a trabalharem juntos para permitir a ampliação do financiamento para os países em desenvolvimento para ação climática de todas as fontes públicas e privadas para pelo menos US$ 1,3 trilhão por ano até 2035”.

O texto foi considerado muito ruim por analistas que acompanham o debate sobre o clima.

Não atende às demandas dos países que não têm como financiar seus planos climáticos e não define que grupo de países é obrigado a contribuir.

“O texto não resolve o problema da péssima qualidade do financiamento climático. Ao estabelecer uma nova meta de 250 bilhões de dólares ao ano (para substituir a anterior de 100 bilhões), reduz a responsabilidade dos países desenvolvidos ao dizer apenas que eles devem “liderar” tal financiamento.

Além disso, o documento não deixa claro qual percentual desses US$ 250 bilhões deve vir de doações ou de financiamento altamente concessional, o que novamente levanta preocupação sobre o endividamento dos países em desenvolvimento e a dificuldade de financiar a ação climática nesses países”, disse a especialista do Greenpeace Brasil, Camila Jardim.

Representantes da União Europeia reclamaram que, do ponto de vista deles, o valor é muito alto. Os europeus também querem que grandes países em desenvolvimento, como a China e os estados produtores de petróleo, também sejam obrigados a contribuir.

A presidência do Azerbaijão na COP tem sido muito criticada por falta de controle e estratégia nas discussões.

Agora, sua proposta parece não ter agradado ninguém, e as posições continuam muito distantes de um consenso.

Em princípio, a COP deveria acabar às 18h00 desta sexta-feira (22), no horário local. Mas a própria presidência já pediu aos delegados para adiar a viagem de volta aos seus países em pelo menos 24 horas.

Além de atrasar, Baku pode entrar para a história como um dos grandes fracasso das COPs.

Este conteúdo foi originalmente publicado em COP29 está entre acordo ruim ou fracasso total no aporte de ações climáticas no site CNN Brasil.

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